Pessoas aprisionadas
De acordo com Eduardo Varandas, as travestis acabam sendo escravas de um ciclo vicioso, em que 80% do que conseguem com seu trabalho é repassado para o explorador e 20%, serve para pagar dívidas e despesas. “São escravas de um ciclo vicioso que não acaba fácil. O tráfico parte da premissa do engano, 80% delas vão enganadas e pensam que ganharão mais, ou terão melhores condições de vida.
“Essas pessoas acabam também sendo obrigadas a transar sem camisinha, a consumir drogas ou a traficar entorpecentes também”, acrescentou. É muito comum elas envelhecerem e começarem a traficar drogas. Uma boa parte delas começa a aliciar menores pobres no Brasil a serem vitimas desse ciclo de miséria. Transforma vitimas em vilões num sistema de corrupção generalizado”, destacou Eduardo Varandas.
Falta dignidade
De acordo com Eduardo varandas, o Brasil é o país que mais exporta travestis para o mundo. “Que escolha elas têm permanecendo no Brasil? Não oferecemos trabalho digno, proteção social, políticas públicas voltadas para a diversidade. Na prática, elas são expulsas, maginalizadas e escanteadas por causa das desigualdades e da cultura hipócrita que temos. Alguém já viu alguma atendendo no comércio em João Pessoa?”, indagou o procurador.
De acordo com ele, elas vão para outros países fazer, de certa forma, o que também fazem no Brasil, mas de forma diferente. “No Brasil elas apanham, são obrigadas a fazer sexo sem camisinha, a usar drogas, a transar com policiais em troca de livre utilização do ‘ponto’ onde atuam, dentre outros”, elencou Eduardo Varandas. Enquanto no país, elas ganham de R$ 20 a R$ 30 em um programa, na Europa esse valor sobre para 100 a 150 Euros.
Correio denunciou esquema em 2005
O esquema internacional de aliciamento de jovens travestis paraibanos para a prostituição na Europa foi denunciado pelo Jornal Correio da Paraíba em duas reportagens especiais da jornalista e Santiago. As publicações são de 20 de fevereiro de 2005 (“Gays voltam ricos da Europa, influenciam e ‘exportam’ jovens”) e em 29 de outubro de 2006 (“Garotos da Paraíba são aliciados e levados para o Exterior”).
Segundo as reportagens, a rede aliciava e agenciava jovens de vários municípios da Paraíba, como Araçagi, Guarabira, Mulungu e Baía da Traição e os “levava” para exercer a prostituição na Europa, principalmente na Itália.
Na época, o promotor Marinho Mendes fez uma denúncia e a Polícia Federal investigou o esquema.
denúncia afirmava, inclusive, que um adolescente, de 17 anos, havia sido levado para a Itália para ser explorado sexualmente pela rede. Segundo as reportagens, os jovens chegavam à Itália devendo até R$ 50 mil e pagavam o dobro aos agenciadores.
Entre os jovens paraibanos acompanhados pela reportagem estavam Emerson da Cruz Batista, a “Yasmim”, na época com 17 anos e o irmão, Jean Carlos Batista, a “Geovana”. Yasmim foi aliciada e levada para a Itália, onde também teve que pagar ao seu aliciador uma quantia em dinheiro oito vezes maior.
Em depoimento à Polícia Federal, em setembro de 2009, José de Arimatéia Junior, ou “Isabella da Roma”, confessou que ajudou Yasmim a ir para a Itália, pagou para ela as passagens aéreas e emprestou 500 euros e “que posteriormente recebeu de Yasmim aproximadamente quatro mil euros”.
PB Agora
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